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Mulheres empresárias: uma evolução com desafios a superar

11/19/2024 South Summit
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POR MARISOL MENÉNDEZ, FUNDADORA E DIRECTORA-GERAL DA WITH

No dia 19 de novembro celebra-se o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino. Ano após ano, esta data é escolhida por entidades públicas e privadas para divulgar estatísticas sobre a situação das mulheres no ecossistema empresarial. No entanto, o tempo passa e os estudos e análises raramente trazem notícias positivas. A situação nem sempre melhora, e quando melhora, fá-lo lentamente.

 

É por isso que, este ano, quisemos mudar o enfoque e pedir às mulheres empresárias que fazem parte do ecossistema da COM que partilhassem a sua perceção do que significa ser uma mulher empresária, de como o ambiente empresarial está a mudar do ponto de vista da inclusão e da igualdade e dos desafios que ainda precisam de ser resolvidos.

 

O panorama do empreendedorismo feminino mudou significativamente nos últimos anos. Hoje em dia, as mulheres estão a conquistar espaços em sectores onde antes estavam pouco representadas. De acordo com Betty Lepina, fundadora da Charm Hunters, "registámos progressos em termos de reconhecimento das mulheres empresárias, mas não é suficiente. O acesso ao financiamento continua a ser mais complicado para as mulheres e os estereótipos persistem".

 

Esta evolução trouxe também consigo redes de apoio e visibilidade, como refere Fabia Silva, fundadora da Dronak Robotics: " Hoje somos mais visíveis, mais corajosos e estamos mais conectados globalmente". No entanto, os dados continuam a revelar um desequilíbrio. Lucía Chávarri, co-fundadora da Nubalis, salienta que na sua área, a tecnologia, "a percentagem de mulheres empresárias mal cresceu de 13% para 16% na última década. Isto reflecte o quanto ainda há espaço para melhorar".

Por outro lado, as barreiras de género no financiamento são alarmantes. Sandra Montes, fundadora da ScrapAd, explica que, de acordo com dados do Fórum Económico Mundial, "as mulheres recebem apenas 2% do financiamento de capital de risco a nível mundial. Isto deve-se a uma falta de pipeline e à sub-representação das mulheres nos cargos que decidem estes investimentos".

 

O perfil de uma mulher empresária: resiliência, visão e colaboração

O que é que faz com que uma mulher empresária se destaque num mundo tão competitivo? Para muitas das mulheres entrevistadas, a resiliência é uma qualidade essencial. Como explica Silvia Matesanz, fundadora do Inlight Lab, "a adaptabilidade e a resiliência permitiram-me enfrentar os desafios e as mudanças com uma atitude aberta e proactiva".

Por seu lado, Esther Cid, da Tipscool e do Talent Passport, sublinha a importância da empatia e da inteligência emocional. "Saber gerar uma rede de contactos de qualidade e manter uma visão estratégica é fundamental. Para além disso, a criatividade permite dar soluções originais a problemas convencionais", afirma.

Outras qualidades, como a coragem e a curiosidade, também são fundamentais. María Ángeles Martín Prats, da Skylife Engineering, resume-o: "É preciso ser uma pessoa corajosa, visionária e conhecedora do mercado. Além disso, deve rodear-se de uma boa equipa que o apoie".

O poder da irmandade: um motor de mudança

O apoio mútuo entre as mulheres é um tema de conversa importante, uma vez que as empresárias se aperceberam de que o ambiente não vai mudar por si só, pelo que a mudança tem de vir do trabalho conjunto. Betty Lepina sublinha que "a sororidade no mundo dos negócios tem o poder de mudar o jogo. É fundamental criar redes de apoio práticas e tornar visíveis as realizações e os desafios".

Redes como a WITH são um exemplo de colaboração transformadora. De acordo com Ruth Zamorano, co-fundadora da OSOCO, Contestia e DynaClassroom, "as redes de mulheres são essenciais. Apoiamo-nos umas às outras com base na empatia e na colaboração, o que gera um impacto autêntico e significativo".

Além disso, a tutoria é apresentada como uma ferramenta poderosa. Rocío Tornay, co-fundadora da Intelqualia, salienta que "a tutoria permite-nos orientar e apoiar outras mulheres para que atinjam os seus objectivos. Temos de dar voz às conquistas de outras mulheres, porque a visibilidade gera inspiração e oportunidades".

Por último, as iniciativas inclusivas que promovem a diversidade e a equidade são fundamentais. Como explica Silvia Matesanz, "espaços como o WITH, Mujeres Tech e Women Lab Bilbao criam um ambiente seguro baseado na meritocracia e na colaboração, capacitando-nos individual e coletivamente".

Juntos para um futuro mais inclusivo

O caminho para uma verdadeira igualdade no empreendedorismo feminino exige um esforço coletivo. Como diz Elena Peyró, "prefiro concentrar-me em todos os progressos que já realizámos. São cada vez mais as mulheres que se lançam no empreendedorismo e muitas delas já estão a tornar-se líderes".

Inspirados pelas histórias de mulheres como estas, é essencial continuar a tornar as conquistas visíveis, eliminando barreiras e construindo redes inclusivas. Porque, como diz Fabia Silva, "quando nos unimos, criamos um impacto exponencial que beneficia toda a gente".